Quem não se comunica não convence

Quem não se comunica não convence

Se vai atrasar o pagamento dos salários dos servidores em março ou abril, como informaram seus interlocutores a deputados da base aliada, José Ivo Sartori precisa convencer a população de que a situação das finanças é crítica a ponto de não conseguir cumprir uma obrigação elementar. Até aqui, o governo não apresentou um quadro detalhado da situação das contas públicas.

Dados esparsos têm sido citados por secretários e mostrados aos deputados aliados, com a recomendação de que não passem os números adiante, nem revelem as medidas que estão em estudo. Falta escancará-los e, principalmente, dizer qual é a estratégia – se é que tem uma – para enfrentar a crise.

Quem se dedica a estudar a situação das finanças do Rio Grande do Sul sabe que o quadro é dramático e que o atraso nos pagamentos é questão de tempo. O governo cortou despesas de custeio, mas isso é quase nada no conjunto dos gastos.

Atrasar salários é uma medida extrema. Desorganiza a vida dos servidores, provoca insegurança, afeta a motivação. Se o governo for incapaz de provar que não tem outro caminho, a relação com o funcionalismo será abalada, com risco de greves e manifestações em frente ao Piratini.

Além de não pagar o piso do magistério, como seus antecessores não pagaram, Sartori estuda suspender ou parcelar até os aumentos da área da segurança pública, aprovados no governo anterior, para pagamento parcelado até 2018. Essa alteração só poderá ser feita por projeto de lei, sob pena de criar um novo passivo, nos moldes da Lei Britto, origem de boa parte da dívida bilionária em precatórios.

Aos deputados, o governo já admitiu adotar uma medida que, na campanha, Sartori descartou dizendo que não havia clima para aprovação: o aumento do ICMS. Os estudos já estão sendo feitos, com simulações de resultado para a elevação da alíquota geral, de 17% para 18%, como foi feito no governo de Germano Rigotto, ou o aumento seletivo para produtos com maior potencial de arrecadação.

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