Servidores do Executivo atuam para amenizar danos no Vale do Taquari

Servidores do Executivo atuam para amenizar danos no Vale do Taquari

Centenas de servidores públicos de diversas áreas do Poder Executivo do Rio Grande do Sul estão atuando na linha de frente para amenizar os danos da catástrofe socioambiental que ocorreu no início de setembro, no Vale do Taquari. Há equipes da Secretaria Estadual da Saúde (SES), do Meio Ambiente, de Assistência Social, de Obras Públicas e de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, entre outras. São servidores que estão trabalhando lado a lado com os colegas do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, Brigada Militar e Polícia Civil.

“Nunca tinha visto um impacto tão grande de um desastre e, muito menos, vivenciado isso trabalhando. Estando no local, temos uma real dimensão. Por meio de fotos e vídeos não conseguimos imaginar a magnitude que foi, por isso é muito importante esse deslocamento para fazer um diagnóstico fidedigno estando no campo”, relata a bióloga Paola Graciela dos Santos Morais, especialista em saúde da SES. A servidora, que atua na Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), integra a equipe do Vigidesastres – programa que realiza o monitoramento de riscos e atua nas diferentes etapas de resposta em situações de desastres naturais, biológicos ou tecnológicos.

A analista de projetos e políticas públicas Sandra Marques, da Polícia Civil, também está na escala dos trabalhadores do Executivo que estão se deslocando de Porto Alegre para a força-tarefa na região. “É uma atividade extra”, ressalta Sandra, que atua na Delegacia da Mulher como mediadora de conflitos. A servidora ressaltou o sentimento de solidariedade, tanto dos voluntários quanto das vítimas. “Na dor, eles também estão se ajudando”, relata.

Foco no combate a doenças decorrentes de desastres

Segundo Paola Morais, a SES realiza o levantamento e o monitoramento de insumos, medicamentos e imunobiológicos, como por exemplo estoques de soro e vacinas contra o tétano e hepatite A, doenças que podem se manifestar em situações pós-desastres. Também cabe aos trabalhadores da Saúde monitorar os abrigos improvisados em ginásios e salões paroquiais, verificando as condições sanitárias do local e coletando dados sobre os sintomas das vítimas, como diarreia aguda. O objetivo também é esclarecer sobre sinais e sintomas e promover ações para prevenir a ocorrência de doenças como a leptospirose.

Os trabalhadores da Vigilância Ambiental em Saúde realizam o monitoramento dos municípios atingidos, verificando se o abastecimento de água foi interrompido. Quando necessário, articulam o fornecimento emergencial e, após o retorno do abastecimento, realizam coletas para acompanhar a qualidade da água fornecida. Também atuam em parceria com instituições de assistência médica, tabulando dados dos atendimentos feitos pelos profissionais da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde, e da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras, que leva cuidados de saúde a quem precisa.

“Trabalhamos com estas articulações para subsidiar as instituições com dados para a elaboração dos planos de ação”, conta Paola, que entrou no Estado em 2022. A servidora ressalta que a força-tarefa envolve servidores federais, estaduais e municipais.

Os servidores da SES ainda acompanham os atendimentos que envolvem acidentes com animais peçonhentos, como cobras, escorpiões e aranhas, e antirrábicos – mordeduras causadas por animais resgatados, como cachorro e gato.

Segurança e acolhimento para famílias

As forças de segurança circulam nas áreas atingidas pela catástrofe. O objetivo é mostrar que tem presença de polícia e, também, ajudar nas entregas dos donativos. Ao circular com as viaturas, os servidores buscam coibir saqueadores e, ao mesmo tempo, atender a população atingida para entender as necessidades.

Sandra Marques, analista de projetos e políticas públicas que atua na Delegacia da Mulher da Polícia Civil, em Roca Sales (Foto: Arquivo pessoal)

Além de atuar na distribuição das doações, os servidores da Polícia Civil também auxiliam na montagem de cestas básicas, material de limpeza e higiene pessoal. “Éramos 34 servidores com um único objetivo: ajudar as pessoas da melhor maneira possível”, lembra Sandra sobre a equipe de trabalho no primeiro dia que se deslocou até Roca Sales, na sexta-feira da primeira semana logo após a catástrofe.

Sobre o cenário da tragédia, relata que a situação é caótica. “É uma sensação de que não somos nada. Não viemos nessa vida a passeio, é necessário fazer o bem”, resumiu Sandra sobre o primeiro dia de trabalho. Nos dias seguintes, com a chegada de mais voluntários civis, a estratégia de atuação foi alterada. Os policiais passaram a auxiliar na busca pelos desaparecidos.

A amplitude das atividades e a atuação transversal e articulada entre as mais diversas secretarias e esferas do funcionalismo evidenciam a relevância dos serviços públicos na vida da população, sobretudo quando ocorre uma catástrofe desta proporção.

“Em situações como a pandemia e esta enchente histórica, se vê ainda mais a importância dos serviços públicos. Por isso, é fundamental o investimento, a estruturação e a valorização dos servidores. A população precisa de um Estado forte e estruturado”, diz a diretora do Sintergs, Angela Antunes. A dirigente lembra que todos os serviços públicos estão presentes no cotidiano da população, na normalidade ou nas crises.

Foto principal: Itamar Aguiar/Ascom SES

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