Pedido de intervenção federal volta para pauta do TJ após Governador anunciar que déficit nas contas será 38 vezes menor que em 2016

Pedido de intervenção federal volta para pauta do TJ após Governador anunciar que déficit nas contas será 38 vezes menor que em 2016

O pedido de Intervenção Federal no RS proposto pelo Sintergs voltará para a pauta do TJ, nesta segunda-feira (06/02), a partir das 14h. O tema volta para exame dos desembargadores justo no momento em que, em mensagem para o Parlamento, o Governador José Ivo Sartori apresentou déficit de R$ 143 milhões em 2016. Isto é, um déficit 38 vezes menor do que foi alardeado, cerca de R$ 5 bilhões.

“Essa é a maior prova de que falta transparência para o Governo do Estado. Desde o início, o Governo Sartori joga a população contra o servidor público com o discurso que não há dinheiro e que o déficit é muito grande. Agora, de uma hora para outra, o déficit é de pouco mais de R$ 100 milhões? Por isso ingressamos com o pedido de intervenção federal e esperamos que os desembargadores avaliem essa questão”, destaca o presidente do Sintergs, Nelcir André Varnier.

Presidente do Sintergs: “Agora, de uma hora para outra, o déficit é de pouco mais de R$ 100 milhões?”

O julgamento do pedido de Intervenção Federal foi suspenso no fim de 2016 devido a um pedido de vistas feito por um dos desembargadores. O relator do processo foi o Desembargador Francisco Moesch, que votou por negar o pedido. Em seu voto, no entanto, o relator destacou que caso sejam comprovadas alegações de que o Governo possui os recursos para o pagamento integral dos salários, poderá haver o encaminhamento do pedido de intervenção.

“É claro que, se surgirem posteriormente indicativos claros de que o Governo do Estado dispõe de verbas suficientes para o pagamento em dia de seus servidores públicos e pensionistas, poder-se-á encaminhar o pedido interventivo ao Pretório Excelso. Até o momento, porém, tudo indica que o desequilíbrio fiscal é real, não podendo ser imputada ao atual Chefe do Poder Executivo, a responsabilidade pelo caos nas finanças públicas estaduais“, afirmou o Desembargador Moesch.

No documento entregue na última semana ao presidente da AL, Edegar Pretto, o Governador Sartori aponta que, ao final de 2016, com a economia de suspensão de parcelas da dívida com a União e com a venda da folha de pagamento, o déficit orçamentário ficou em apenas R$ 143,1 milhões, cerca de 38 vezes menor do que projetado para 2016.

Perdas salariais de quase 20%

Segundo o presidente do Sintergs, as categorias representadas pela entidade já perderam quase um quinto dos salários durante o Governo Sartori (18,04% até dezembro de 2016). “Estamos financiando a sonegação, as renúncias fiscais, o pagamento desta suposta dívida, os cabides de emprego, sem falarmos dos precatórios. Em resumo, além de carregarmos o RS nas costas com muito sacrifício, sem receber salários em dia e em total insegurança, somos uns dos principais financiadores do Estado indiretamente. Se fossemos um banco, teríamos que cobrar juros”, ironiza o presindente da entidade.

Ainda de acordo com o dirigente, o Governo Sartori esconde a verdade e governa com bases enganadoras. “Para o Estado funcionar bem e prestar serviços de qualidade, prometidos nas campanhas eleitorais, precisa de funcionários, e é neste ponto que o Governador Sartori e seus aliados governam na contramão. É incoerência total. Em setores privados, para que seja usufruído o melhor de cada trabalhador se faz necessário respeito, motivação, salários em dia, perspectivas futuras, comprometimento mútuo, diálogo, tudo que o governo Sartori não faz, mas falou que era importante na campanha”, conclui Nelcir.

O Sintergs ingressou com pedido de intervenção federal no Estado do Rio Grande do Sul devido a mais atrasos dos salários dos servidores estaduais. O pedido de intervenção federal foi protocolado no TJ em abril de 2016 e precisa ser autorizado pelo Órgão Especial para, então, o presidente do TJ encaminhar o pedido de intervenção para o Supremo Tribunal Federal (STF).

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