Reajuste de 6% para servidores não repõe nem a inflação de 2021
A proposta de reajuste de 6% aos servidores estaduais é considerada um absurdo pelo presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Rio Grande do Sul (Sintergs), Antonio Augusto Medeiros. “O percentual é uma migalha oferecida aos servidores públicos, pois representa pouco mais da metade da inflação de 2021 e não considera as perdas que chegam a 55,07% em mais de sete anos sem reposição”, critica.
O dirigente afirma ainda que a gestão de Eduardo Leite sequer apresentou um projeto para reestruturar as carreiras, que estão cada vez menos atrativas. Em mais de três anos de gestão, o político nunca recebeu a direção do Sintergs para tratar de pautas de interesse dos trabalhadores representados pelo sindicato.
A economista do Dieese, Anelise Manganelli, contesta a justificativa do governador de que o reajuste era o máximo que poderia ser oferecido para manter os gastos de pessoal no limite prudencial de comprometimento de 46,55% da Receita Corrente Líquida (RCL), exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Segundo estimativas realizadas pelo Dieese, a partir dos dados disponíveis, o atingimento deste limite somente ocorreria com queda da arrecadação em termos nominais comparado com 2021, o que não deve ocorrer.
“Em momentos de aceleração da inflação, as contas públicas costumam melhorar, pois as receitas acompanham o aumento dos preços”, explica Anelise. De acordo com dados mais recentes divulgados pelo Banco Central, a expectativa é de que a inflação para o ano de 2022 chegue a 7,1% (IPCA/IBGE). Se o percentual de inflação se confirmar, o reajuste representará um comprometimento de cerca de 41,52%, próximo do atual, que está em 41,37%.
Texto e foto: Karen Viscardi
Edição: Bruna Karpinski
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