A luta da mulher no espaço sindical

A luta da mulher no espaço sindical

Raquel Fiori, diretora de Assuntos Previdenciários e Saúde do Sintergs

A história mostra a luta das mulheres por respeito, pelo direito de participar de espaços decisórios e contra tutela e subordinação em sítios de influência masculina. Em 1910, a professora e jornalista alemã Clara Zetkin propôs a criação de uma jornada de manifestações, movimento que originou o 8 de Março. O Dia Internacional da Mulher deu visibilidade às reivindicações das mulheres trabalhadoras oprimidas nas fábricas.

Mais de um século depois, a historiografia tem poucos relatos do protagonismo feminino em lutas sindicais. Uma das exceções é a paraibana Margarida Alves, cuja morte deu origem à Marcha das Margaridas. Isso ocorre devido à invisibilidade imposta pelos espaços estritamente masculinos.

No final da década de 1970, o novo sindicalismo incorpora pautas de igualdade. A partir dos anos 1980, grupos organizados de mulheres passam a discutir temas como sexualidade e direito do trabalho e igualdade no casamento. Nas centrais sindicais, surgem comissões e secretarias específicas para discutir a questão de gênero. Mas até hoje, não somente o fato de ser mulher dificulta a participação nos movimentos. Outros tipos de preconceito, como racismo e homofobia, excluem minorias da ação sindical.

Neste contexto, o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS (Sintergs) lança neste 8 de Março a Comissão de Políticas Afirmativas. Grupos de trabalho irão discutir sobre diversidade sexual, igualdade racial e representatividade feminina no combate ao machismo estrutural. Este comitê irá alertar a sociedade para que não se esqueça que as mulheres arcam com a dupla jornada de trabalho: o produtivo e, em âmbito doméstico, o reprodutivo. Além de serem vítimas de feminicídio, crime que vem crescendo durante a pandemia.

A luta política dos movimentos feministas está inserida nos processos de educação e formação para transformação social. Também busca o reconhecimento das desigualdades na relação homem e mulher como uma injustiça social. É preciso que seja dada legitimidade e atenção a este ponto central do sindicalismo, tendo em vista que as mulheres constituem a metade dos trabalhadores sindicalizados no Brasil e suas demandas merecem assumir protagonismos nos sindicatos para fortalecer a política no país.

Foto: Carlos Macedo / Divulgação Sintergs

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