Lacen-RS é responsável por 80% dos testes para Covid-19 realizados no Estado
Em meio a uma pandemia que desafia profissionais da área da saúde em todo o mundo, o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) é referência no diagnóstico da Covid-19. Pioneiro na análise de exames do tipo RT-PCR no Estado, atualmente pelo menos 80% dos exames desse tipo passam pelo laboratório público, vinculado à Secretaria Estadual da Saúde (SES).
O dado refere-se a uma média geral das amostras analisadas pelo Lacen e pelas universidades parceiras desde março até meados de julho. No período, foram realizados 76 mil testes — cerca de 19 mil exames por mês, uma média 630 análises ao dia. Considerando-se apenas a semana epidemiológica de 12 a 18 de julho, o laboratório fez uma média diária de 525 análises RT-PCR, o chamado teste padrão ouro. Os dados são do Painel Coronavírus RS, base de dados com informações referentes à pandemia.
Para dar conta da demanda, os profissionais que atuam no laboratório público estão trabalhando desde março aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 19h. “O trabalho árduo dos servidores permite que uma grande parte dos resultados seja divulgada em 24 horas a contar do momento do recebimento do material”, pontua o farmacêutico bioquímico Masurquede Coimbra, que atua no setor de recebimento de amostras biológicas do RS.
No entanto, assim como todos os servidores do Estado, os profissionais do Lacen estão com os salários atrasados, parcelados há cinco anos e sem reposição da inflação há sete anos. “O servidor acaba compreendendo qual a sua missão na área da saúde: atua com afeto no atendimento e no cuidado dos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS”, reflete Masurquede, ressaltando a importância do Lacen para a população gaúcha.
“Se não fossem os técnicos do Lacen se empenharem com as análises, o laboratório público não estaria tão atuante nesta pandemia. Esta é uma ação individual, e não da instituição. É uma proatividade dos técnicos”, avalia a diretora do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do RS (Sintergs), Raquel Fiori, ex-diretora do Lacen de 2011 a 2014. A dirigente reforça que este esforço coletivo é uma característica marcante dos servidores do laboratório, que sempre teve um quantitativo de equipamentos e de pessoas muito reduzido.
De 1994 até 2016, o Lacen era vinculado à Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS), extinta pelo governo do Estado, na gestão de José Ivo Sartori, junto com outras fundações. Com a desestruturação da FEPPS, o Lacen passou a ser administrado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS). Desde então, as prioridades mudaram e não há mais pesquisa, por exemplo. Com as aposentadorias de servidores no governo atual, algumas análises foram descontinuadas.
Antes de se chamar Lacen, o laboratório público, que existe há 117 anos, chamava-se Instituto de Pesquisas Biológicas Jandyr Maia Faillace. Nos anos 80, a rede era formada por quase 50 laboratórios.
Foto: Arquivo pessoal/Masurquede Coimbra
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