Ministério Público de Contas vai cobrar Estado por nomeação de aprovados em concurso da Cultura

Ministério Público de Contas vai cobrar Estado por nomeação de aprovados em concurso da Cultura

Em audiência nesta quinta (29/06), Sintergs e representantes dos aprovados reforçaram denúncia sobre contratação de temporários para vagas em que há aprovados que aguardam nomeação. 

O Procurador-Geral do Ministério Público de Contas do RS afirmou que há uma Medida Cautelar vigente determinando a nomeação de aprovados em concursos antes da contratação de servidores temporários oriundos de processo seletivo recente. Segundo Ângelo Gräbin Borghetti, o MPCRS irá provocar o Estado a respeito da nomeação dos concursados da Sedac, que continuam aguardando, apesar do concurso ter sido homologado em julho de 2022 e permanecer válido até 2026.

A informação foi obtida durante audiência do Sintergs e representantes dos aprovados no concurso da Sedac com o Procurador-Geral do Ministério Público de Contas do Estado (MPC-RS), Ângelo Gräbin Borghetti, nesta quinta-feira (29/06). Na pauta, a situação dos candidatos que aguardam nomeação desde 2022 para cargos vagos na pasta da Cultura do RS.

O encontro ocorre em meio a uma série de denúncias realizadas pelos aprovados e pelo Sintergs sobre a contratação de servidores temporários para funções que já contam com profissionais habilitados por concurso público. A situação foi amplamente debatida em audiência pública na Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado da Assembleia Legislativa, no início deste mês, quando os concursados classificaram a conduta do governo Eduardo Leite como “injusta e arbitrária”.

No último dia 21 de maio, a Comissão de Aprovados do Concurso da Sedac e o Sintergs entregaram estudo técnico ao titular da pasta comprovando a existência de pelo menos 1.495 vagas livres na carreira de Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental (APPGG), que atualmente abrange também os aprovados para o cargo de Analista em Assuntos Culturais – Artes, após a promulgação da Lei de Reestruturação nº 16.165/2024.

O estudo aponta ainda que há contratações temporárias em funções idênticas às dos aprovados, o que contraria o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (Tema 784), caracterizando possível preterição ilegal. Entre as instituições culturais contatadas, como museus, bibliotecas e centros culturais, a Comissão constatou déficit expressivo de pessoal. Na Casa de Cultura Mario Quintana, por exemplo, estima-se a necessidade de ao menos 15 novos servidores efetivos.

Levantamento funcional detalhado

Em resposta, a Sedac designou o assessor especial Cristian Campos de Lima para realizar um levantamento funcional detalhado, após a Subsecretária de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), Ana Dal Bem, ter declarado que a ausência de nomeações se deve à falta de uma solicitação formal por parte da Sedac.

Desde 2024, a SPGG autorizou contratações emergenciais através de Processo Seletivo Simplificado (PSS), mesmo com o concurso em vigência, o que gerou indignação entre os aprovados.

O Sintergs ingressou com Ação Civil Pública contra as contratações temporárias e solicitou providências aos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público de Contas.

Embora o Decreto Estadual nº 57.461/2025 imponha limites para novas nomeações no contexto do Regime de Recuperação Fiscal, ele prevê exceções, incluindo a reposição de cargos vagos por meio de concursos válidos — exatamente o caso da Sedac. A própria SPGG já reconheceu publicamente a viabilidade jurídica da nomeação dos aprovados.

“A nomeação dos aprovados evitaria judicializações, reduziria custos administrativos e fortaleceria a política cultural estadual. O que estamos reivindicando não é nada fora do que a legislação manda. Por isso procuramos o Ministério Público de Contas do RS”, destaca o Diretor do Sintergs que participou da reunião com o Procurador-geral do MPCRS, Guilherme Toniolo.

Atualmente, 25 aprovados da área da Cultura ainda aguardam nomeação. Muitos, diante da longa espera, buscaram outras ocupações, mas a expectativa persiste, especialmente diante das demandas urgentes provocadas pelas recentes enchentes e pela histórica carência de servidores no setor cultural.

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