Operação Carne Fraca foi desencadeada a partir de denúncia de servidores públicos
A denúncia que deu origem a Operação Carne Fraca da Polícia Federal, desencadeada nesta sexta-feira (17/03), partiu dos próprios servidores públicos. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), a denúncia teve origem no próprio Sindicato. A entidade, que representa os fiscais agropecuários federais, acrescenta que as denúncias constam de processo administrativo que tramita no Ministério da Agricultura desde 2010.
Assim como a Anffa Sindical, o Sintergs entende que a operação da PF está alinhada aos objetivos de fiscais agropecuários, no sentido de aprimorar a inspeção de produtos de origem animal.
Denúncias do auditor fiscal federal agropecuário Daniel Gouvêa Teixeira de que carnes estragadas e fora de padrão eram vendidas por frigoríficos da região de Curitiba foram a origem da Operação Carne Fraca, na qual funcionários do governo e de grandes empresas do ramo foram presos. Além da Anffa Sindical, o portal G1 também publicou reportagem.
O auditor afirma que só conseguiu investigar as fraudes, em 2014, porque foi afastado de atribuições pelos chefes da Superintendência Federal da Agricultura no Paraná. Ele diz que essa era uma prática comum com profissionais que fiscalizaram as empresas corretamente e incomodavam o esquema.
Fiscalização é função de Estado
A Operação Carne Fraca demonstra que o Brasil precisa cada vez mais do papel da fiscalização agropecuária pública. Essa é a posição do Sintergs, que tem em seus quadros fiscais agropecuários estaduais.
De acordo com a PF, alguns fiscais agropecuários federais estão envolvidos, além das maiores empresas do segmento. Para o Sintergs, o crime praticado por esses servidores – o que deixa a categoria triste – merece punição severa, pois esses servidores públicos não honram a atividade, a qual é responsável por fiscalizar o alimento que o brasileiro consome.
A Operação Carne Fraca no Brasil e a Operação Leite Conpensado no RS – essa última que descobriu adulteração de leite e queijos – evidenciam por que o Sintergs sempre foi contrário à qualquer ato que retire do Estado essa atividade de fiscalização essencial que garante que alimentos impróprios cheguem à mesa da população gaúcha e brasileira. A fiscalização eficiente deve ser função do poder público.
“Os Governos devem entender que serviços públicos de qualidade se fazem com servidores públicos valorizados e atuantes. Só
foi possível deflagrar a Operação Carne Fraca, porque ainda temos servidores públicos presentes e atuantes. Isso a população deve saber”, destaca Antônio Augusto, fiscal agropecuário e membro suplente da diretoria do Sintergs.
No RS, os fiscais estaduais agropecuários integram ações da Força Tarefa de Segurança Alimentar junto com a Vigilância Sanitária Estadual, Policia Civil e Ministério Público Estadual, fiscalizando e coibindo o comércio irregular de alimentos e protegendo a saúde pública.
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