Pesquisadora destaca desafio feminino de impor respeito, tanto na área profissional quanto pública
Na semana do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, o Sintergs publica uma série de entrevistas com trabalhadoras que representam as mulheres no serviço público, suas histórias, desafios e perspectivas. Nesta terça-feira é a vez da veterinária Larissa Bueno Ambrosini, doutora em Gestão pela Universidade de Bourgogne (França) e pesquisadora Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA, ex-Fepagro).
LARISSA BUENO AMBROSINI
Escolhi ser pesquisadora em desenvolvimento rural porque acredito no potencial transformador do conhecimento. A pesquisa é uma ferramenta, tanto para o poder público, quanto para os atores das cadeias produtivas, para conhecer melhor e compreender a realidade. Tenho oito anos de serviço público, na Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural.
A partir desse conhecimento é possível vislumbrar alternativas ou propor políticas públicas visando aumentar a eficiência produtiva, econômica e ambiental dos diferentes setores, contribuindo não apenas com o bem-estar das populações rurais, mas da sociedade como um todo.
Nós, pesquisadores, devemos propor projetos de pesquisa, na maioria das vezes contando com a colaboração de parceiros como instituições de ensino e extensão, que atendam demandas dos diversos setores produtivos do Estado.
A pesquisa em desenvolvimento rural visa gerar dados, informações e análises que auxiliem os atores das cadeias, e também o poder público, em sua atuação. Para isso, é necessário levantar dados como aqueles disponibilizados pelo IBGE, pela extinta FEE, além de ler pesquisas já publicadas, livros, teses, dissertações, artigos. E também ir a campo, coletar outras informações através de entrevistas com produtores rurais, consumidores e integrantes das cadeias produtivas envolvidas. Todos os dados apurados são compilados, analisados e, por fim, geram resultados que são disponibilizados publicamente, através de notas ou boletins técnicos, livros e artigos científicos.
Acredito que os meus desafios são os mesmos de todas as mulheres, porque o machismo é estrutural no nosso país. E a maior vitória será a conquista do respeito, respeito irrestrito, seja na esfera doméstica, profissional e pública.
Por exemplo: as tarefas da casa deveriam ser deveres de todos que lá moram, deveríamos poder acabar relacionamentos sem que isso represente ameaça à nossa integridade física e moral, em nosso trabalho deveríamos ser julgadas apenas pela competência – como ocorre com os homens, na rua deveríamos nos sentir seguras sozinhas.
Nós conquistamos muito espaço, em muitas áreas, mas temos um longo caminho de luta ainda pela frente.
Compartilhe: