Dia do servidor: sotaques e saberes diversificam o funcionalismo gaúcho
Aline, Amanda, Bruna e Cochise estão entre os mais de mil analistas de projetos e de políticas públicas e especialistas em saúde que reforçaram o serviço público estadual este ano. No Dia do Servidor Público (28/10), o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Rio Grande do Sul (Sintergs) compartilha um pouco da história de uma baiana, duas gaúchas e um mineiro, profissionais que agora fazem parte do grupo de novos colegas da Agricultura, Saúde, Obras e Cultura.
Com o reforço, o número de pessoas em atividade nas categorias vinculadas ao sindicato passou de 3.917 para 4.945, aumento de 26%. “O momento é de alegria e de esperançar por dias melhores em nossas carreiras, na oxigenação do serviço público e do sindicato, até pela quantidade expressiva de novos servidores”, explica Antonio Augusto Medeiros, presidente do Sintergs. O dirigente reforça a importância de cada servidor e servidora se engajar na luta sindical.
“É necessária uma reestruturação urgente das carreiras para a melhoria do serviço público e a garantia de uma gestão que possa manter os talentos, que muitas vezes, em função dos constantes ataques aos serviços públicos, acabam deixando o Estado do Rio Grande do Sul”, complementa Medeiros.
Baiana retorna ao Estado com a filha gaúcha
A médica veterinária Aline Cavalcanti Pereira da Silva veio da Bahia para assumir o cargo de fiscal estadual agropecuária na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). Após a formatura na graduação em 2012, dedicou-se à pesquisa – fez especialização, mestrado e doutorado. Em janeiro de 2020, começou a estudar para concursos públicos. Em meados de 2022, Aline mudou-se para o Sul com a filha Maria Clara, de seis anos, e o marido, que também é veterinário.
A pequena nasceu no Estado em 2016, quando a família morou em Porto Alegre em razão da residência do esposo. A servidora conta que Maria Clara foi uma grande incentivadora. “Ela pedia para morar onde nasceu. Quando fiz a prova, ela rezava todo dia para o ‘papai do céu’ (pedindo) para eu passar”, conta. Atualmente, residem em Santa Rosa, a doze quilômetros de Tuparendi, onde Aline atua na inspetoria de defesa agropecuária do município, fazendo visitas a propriedades rurais e inspecionando a produção de uma fábrica de embutidos.
Os pais e o irmão de Aline também são servidores. “Sempre tive esse exemplo em casa. Procuro entregar ao máximo o meu propósito, que é servir a população”, diz a servidora, que deixou a vida acadêmica para dedicar-se ao serviço oficial.
Carreira dedicada à saúde pública
Para Amanda Brito de Freitas, a nomeação para o cargo de especialista em saúde representa mais um passo na trajetória dedicada à saúde pública. O caminho começou na graduação em Nutrição na UFRGS e seguiu em uma especialização em Epidemiologia e nas duas residências: Saúde Coletiva e Vigilância em Saúde.
A nova servidora já tinha experiência na Secretaria Estadual da Saúde (SES), quando fez residência em Vigilância em Saúde. Em 2021, retornou à Vigilância Estadual da SES como apoiadora técnica em um contrato do Ministério da Saúde. “Estou lotada no local que almejava. Além do trabalho na área de conhecimento de maior afinidade, toda a gestão me conhecia”, explica Amanda.
Em relação ao serviço, a especialista desempenha atividades que já estava familiarizada, agora com estabilidade. E explica que o concurso possibilitou uma oxigenação na SES, mesmo sem o preenchimento de todas as vagas. “O pessoal chegou com pique para dar continuidade ao que vem sendo feito ao longo desses anos e construir um novo trabalho”, afirma Amanda, que também é servidora federal no Hospital Conceição.
Das salas de aula em MG e MT para a Sedac do RS
O historiador mineiro Cochise César de Monte Carmo recém havia assumido como professor substituto de um Instituto Federal do Mato Grosso (IFMT), no município de Diamantino, quando foi chamado para assumir a função de analista em assuntos culturais no Rio Grande do Sul. A experiência no IF foi curta – de fevereiro a julho de 2022. Antes disso, em Minas Gerais, foi professor de história na rede estadual de ensino por dois anos.
Escritor com passagem pelo movimento cultural, Cochise fez mestrado em Teoria da Literatura. Sempre se interessou em atuar na formulação e execução de políticas públicas voltadas à cultura. Ao consultar o edital do concurso do governo do Estado, seus olhos brilharam com a possibilidade. O servidor está lotado no Instituto Estadual do Livro (IEL), em Porto Alegre. Ligada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), a instituição trabalha com a edição de livros da literatura gaúcha.
“Está sendo muito prazeroso”, conta o novo servidor, que ao chegar no Rio Grande do Sul já foi logo pesquisando qual era o sindicato que o representava e se inscreveu em curso de formação sindical oferecido pelo Sintergs. “O lugar que temos para requerer os nossos direitos é o movimento sindical, é a mobilização da classe trabalhadora”, avalia Cochise, que é atuante desde a época de escola e universidade, quando participou da União Colegial de Minas Gerais (UCMG) e da União Estadual de Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG).
Uma família de servidores
Filha de servidores públicos, a engenheira civil Bruna Moro Druzian, de Santa Maria, teve vínculo com o Estado a partir de um contrato emergencial. Se encantou com a área de estruturas e pelo trabalho e decidiu fazer um concurso para atuar em Porto Alegre. Agora, é uma das novas servidoras a atuar como analista de projetos e políticas públicas da Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação.
A decisão de investir na carreira pública tem relação com a forma como enxerga o papel do Estado. “Ser servidora pública é participar das causas sociais. No trabalho com escolas, por exemplo, quero melhorar o ambiente das crianças. Apesar de tantas burocracias, conseguimos contribuir para dar melhores condições para os alunos”, explica Bruna, destacando que muitos passam necessidades e o único prato de comida do dia é o que recebem na escola.
Formada pela UFSM em 2015, a engenheira cursa duas especializações: em Engenharia Diagnóstica e em Estruturas e Fundações de Concreto Armado. Sobre as vantagens de ingressar no Estado via concurso, a servidora destaca a estabilidade e, para a população, a garantia da continuidade dos serviços, mesmo com troca de governo.
Texto: Bruna Karpinski e Karen Viscardi
Fotos: Arquivo pessoal
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