Perda no poder de compra dos servidores chega a 45% em seis anos, aponta Dieese

Perda no poder de compra dos servidores chega a 45% em seis anos, aponta Dieese

As perdas no poder de compra chegaram a 45,34% no período de novembro de 2014 a julho de 2021 para os técnicos de nível superior. O levantamento é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), elaborado a pedido do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do RS (Sintergs). Isso ocorre devido à falta de reposição salarial, cenário que vem se agravando nos últimos meses com a alta da inflação pelo INPC, que em um ano chegou a 9,85%.

“O dado mostra o quanto o salário dos trabalhadores do Poder Executivo estão defasados. Além de amargarem sete anos sem nenhum tipo de reajuste, os servidores estaduais veem a remuneração encolher mês a mês”, pontua Antonio Augusto Medeiros, presidente do Sintergs. O dirigente ressalta que a Constituição Federal garante aos servidores públicos o direito à correção anual de sua remuneração. Porém, a lei não é cumprida.

Anelise Manganelli, economista do Dieese, enfatiza que alguns produtos imprescindíveis no dia a dia das famílias estão com variação acima da inflação, como o gás de cozinha, que registra alta de 115% entre novembro de 2014 e julho de 2021, e o combustível, que aumentou 102,4% no mesmo período. “Importante observar para além do índice geral da inflação é que os itens essenciais do orçamento familiar apresentam variação maior. A cesta básica em Porto Alegre, por exemplo, ficou 91,7% mais cara neste período em que os servidores não tiveram nenhuma recomposição salarial”, afirma a economista.

Por outro lado, ressalta Anelise, este aumento da inflação combinado com a recuperação da economia em diversos segmentos oportuniza uma folga para o Estado. “Com os preços mais altos, os estados arrecadam mais porque o ICMS é cobrado sobre um percentual do valor de venda dos produtos. No caso do Rio Grande do Sul, há inclusive com alíquota majorada de determinados produtos, como é o caso da gasolina. Isso contribui para explicar o porquê de o Rio Grande do Sul ter apresentado um dos maiores crescimentos do País no primeiro semestre de 2021 em termos de arrecadação”, acrescenta.

Texto: Bruna Karpinski
Edição: Karen Viscardi

Foto: Criado por mrsiraphol – br.freepik.com

Compartilhe:

Verified by ExactMetrics