Respeito conquistado ao ocupar espaços
“Capacidade todo mundo tem, mas oportunidades não”, afirma o médico veterinário Leandro Santos Quaresma, de Rio Grande. Servidor da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) desde 2008, acredita que o acesso ao ensino superior o preservou de sofrer preconceitos na vida profissional. Formado pela Universidade Federal de Pelotas, fez especialização em Tecnologia e Controle da Qualidade de Alimentos na Universidade de Passo Fundo.
“Particularmente, não sou vítima de preconceito escancarado, acredito que em razão da minha condição, por eu ser um profissional de nível superior, com pós-graduação, ocupando um cargo de fiscal e sendo responsável por uma inspetoria de defesa agropecuária. Mas percebo, em atitudes de alguns produtores rurais que não me conhecem, que procuram ou se referem ao médico veterinário ou ao chefe da inspetoria como aquela pessoa que está do meu lado e que é branca, e não a mim”, relata o fiscal estadual agropecuário, que atua nos municípios de Rio Grande e São José do Norte.
Pela experiência de Quaresma, a partir do momento em que ele se apresenta e se identifica, “as coisas passam a acontecer de forma natural”. No entanto, o servidor reconhece que a representatividade no serviço público ainda é pequena. Percebe que há poucos colegas negros ocupando cargos de destaque. “Lembro que na época da universidade, eu era o único aluno negro da turma, não tinha outro. E não entrei através de cotas, entrei pelo processo seletivo normal, como todos os outros. Então, teve a questão do esforço e da perseverança”, recorda.
Para Quaresma, há dois caminhos para superar a desigualdade: educação e políticas públicas. “Sem uma educação de qualidade, realmente a gente vai ter dificuldade de ter essa representatividade. Isso em qualquer meio, tanto no meio político quanto no meio social. No serviço público, sem a oportunidade do estudo e da qualificação, fica bem complicado diminuir essa diferenciação”, avalia o servidor, que destaca a importância das políticas públicas para igualar os pesos na balança.
Foto: Arquivo pessoal
Empoderamento que vem da família e da condição social
A base familiar e econômica da médica veterinária Denise Figueiredo a fizeram uma mulher forte. Aposentada do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), foi ensinada a marcar posição e afastar atitudes racistas.
Educação abre caminho contra racismo
A engenheira civil Josi Beatriz Viegas Cunha atua na Secretaria de Obras do RS. Há 20 anos no serviço público, a profissional tem consciência de seu papel para ajudar a melhorar a vida das pessoas. E mantém suas referências, como as guias no pescoço e o dread nos cabelos.
A geógrafa Salete Beatriz Ferreira percebe que a representatividade de negros na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) é pequena. Para alterar essa realidade, acredita que a mobilização tem de ser coletiva.
Compartilhe: