Dengue: servidor mais uma vez na linha de frente

Dengue: servidor mais uma vez na linha de frente

Por Priscilla Lunardelli, 2º Vice-Presidente do SINTERGS.

Toda a saúde é pública. A maneira como uma sociedade distribui políticas e serviços de saúde para a população é definitiva para que todos tenham acesso. Todavia, recentemente, apesar da COVID-19 ter ceifado mais de 700 mil vidas, a curta memória tratou de boicotar essa lição sobre a centralidade da produção coletiva da saúde. Agora cá estamos lidando com uma epidemia de dengue de proporções nunca observadas.

Há poucos dias o RS ficou chocado com o óbito de uma jovem mulher de Porto Alegre sem comorbidades por dengue que havia inicialmente tido um diagnóstico equivocado. Em todo RS já são 42 mortes, na grande maioria idosos. Em saúde, diagnóstico e tratamento são elementos centrais na atuação em epidemias, mas não são os únicos. Em momentos de crise sanitária, o poder público precisa estar fortalecido para dar as respostas esperadas. No caso da dengue no RS, é preciso dar musculatura para as Vigilâncias em Saúde, que são serviços que promovem ações essencialmente públicas, destinadas à prevenção e ao controle da dengue, pois para reduzir a transmissão da doença é preciso combater o vetor, eliminar os criadouros do mosquito Aedes Aegypti. É preciso protagonismo governamental para subsidiar medidas preventivas, especialmente em áreas que concentram muitos casos da doença. Mas isso só se faz com profissionais capacitados e valorizados. Não é o caso do RS.

A falta de valorização do servidor do Estado tem acarretado em uma evasão de profissionais nunca antes vista. Esse fenômeno atinge diretamente o cidadão que espera atendimento e não recebe ou onde uma equipe da Vigilância não consegue chegar por falta de insumos básicos como transporte e diária de campo. Ou seja, não têm profissionais suficientes e muito menos equipamentos para prestar o serviço.

É preciso entender que valorizar a saúde pública e seus trabalhadores melhora a resposta diante de epidemias. Investir na saúde pública impacta na vida de cada cidadão de cada município. Os servidores compõem a linha de frente nas situações de saúde pública, tragédias e epidemias, mas estão sem retaguarda. E isso tem aniquilado nossas defesas, nossa imunidade.

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