Falta de engenheiros coloca em risco obras e reformas do Estado

Falta de engenheiros coloca em risco obras e reformas do Estado

Guilherme Toniolo
Diretor de Política Salarial

Os planos do governo estadual de reformar e projetar escolas esbarram em uma situação criada pela própria gestão: a falta de engenheiros civis para elaborar e acompanhar os projetos. Entre os convocados, metade não assumiu a vaga ou já pediu demissão. Como consequência, há vagas abertas na Secretaria de Obras Públicas (SOP) e já foram chamados todos os profissionais da área que fizeram o concurso mais recente, realizado há um ano.

Esta é apenas uma das consequências da falta de atratividade da carreira pública, alerta que foi feito pelo Sintergs ao propor a reestruturação das carreiras antes mesmo do lançamento do edital do concurso, mas que até agora não teve andamento por parte de Eduardo Leite. A falta de plano de carreira, os baixos salários com defasagem de quase 60% em oito anos e a falta de perspectiva de recomposição, como já propalou o governador, fazem muitos trabalhadores desistirem do serviço público.

O governo realizou um concurso público, mas perdeu a oportunidade de qualificar e trazer para a rede excelentes profissionais. Isso demonstra que o concurso não é mais interessante em relação à iniciativa privada. Apesar da estabilidade, não há perspectiva de ascensão. Houve retirada de avanços e direitos, inclusive na aposentadoria, que hoje é pelo teto do INSS.

Há pelo menos duas gestões, o discurso é o mesmo: depois de fazer projetos de governo, dizem que vão atender nossas demandas. Mas a realidade é que as melhorias e a reposição chegam sempre primeiro para recuperar perdas para o governador, secretários, legislativo, CCs, FGs. A desculpa sempre foi a independência entre os poderes e, mais recentemente, atender o limite prudencial. Agora, o governo que se desdobre, pois a situação impacta diretamente na governabilidade e na deficiência de projetos de obras, como as das escolas.

Foto: Carlos Macedo / Divulgação Sintergs

Artigo originalmente publicado no Informativo do Sintergs – edição 69 – Maio de 2023

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