Falta de rede de apoio e suspeita de coronavírus afetam emocionalmente

Falta de rede de apoio e suspeita de coronavírus afetam emocionalmente

O acúmulo de funções é realidade para a fiscal estadual agropecuária Aline Lima de Souza, 39 anos. Com menos pessoas na fiscalização agropecuária, a médica veterinária está substituindo um colega de férias e visita semanalmente um frigorífico em Planalto. No dia da fiscalização, sai às 6h de casa e só retorna às 16h30min, o que a obriga a pagar um extra para a babá ficar com o filho Antonnio Eduardo, 10 anos, à tarde.

No restante da semana, o serviço é no campo ou na sede da inspetoria, o que permite atenção ao filho no horário de almoço. Aline queria poder manter alguém cuidando do filho todos as tardes, mas recorre às vizinhas porque o salário não permite. Mesmo com dificuldade, paga reforço escolar duas vezes por semana para o menino, que está no quinto ano do Ensino Fundamental.

A situação é estressante, mas Aline já teve período de maior apreensão quando estava com suspeita de ter contraído a Covid-19. Em março, ao retornar de uma capacitação em Porto Alegre, teve sintomas da doença e esteve a ponto de ser internada, mas convenceu as médicas de que não teria com quem deixar o filho. Após longo período de dores e fadiga e três testes, descobriu que tinha mononucleose, além de conjuntivite. Mas o impacto psicológico já tinha sido grande. “No começo, vivi um período de terror pelo risco de ter contraído o coronavírus e ser responsável por meu filho. Ainda mais longe da família, quando fiquei debilitada e quiseram me internar. Desde essa época, comecei a tomar ansiolítico e remédio para dormir”, revela.

Para reduzir a ansiedade, Aline ocupa o tempo com o trabalho na IDA e como voluntária em uma associação de proteção a animais de rua. Em casa, brinca e faz as tarefas com o filho, lê, vê filmes e cuida dos gatos. Também faz meditação, ioga e passou a rezar mais. Outra medida para se preservar foi reduzir a busca de notícias sobre a pandemia, hoje limitada a alguns sites e telejornais. “Estava somatizando, deixei de absorver e estou pedindo cada vez mais proteção.”

Foto: César Thomé

→ LEIA MAIS SOBRE AS SERVIDORAS MÃES QUE ATUAM NO SERVIÇO ESSENCIAL

 

Foto: Arquivo pessoal/Beatriz Scalzilli

Os desafios invisíveis das servidoras mães que atuam no serviço essencial

O Estado e a sociedade vêm fechando os olhos para mulheres com filhos que se mantêm em atividade presencial durante a pandemia. É o caso das servidoras públicas da Defesa Agropecuária, que atuam em serviços essenciais para a população. Confira as histórias nesta reportagem e nos destaques abaixo.

 

 

 


Foto: Lucio Amaral

Jornadas de trabalho prolongadas impactam no convívio familiar

“Falta tempo”. Essa é a percepção da fiscal estadual agropecuária Liese Vargas, 30 anos, sobre a realidade que vive desde março, quando começou a pandemia. Tempo para auxiliar a filha, Maria Eduarda, 10 anos, nas tarefas da escola e nas aulas on-line, e tempo para si mesma.

 

 

 


Foto: Bruna Karpinski

Maternidade, pandemia e o descaso do governo

Imagine trabalhar durante a pandemia sem saber se conseguirá alguém para cuidar do seu filho enquanto você está no serviço. A cada semana, ver quem tem disponibilidade e em quais dias. Assim é a rotina da fiscal estadual agropecuária Beatriz Scalzilli, 41 anos, com o filho Marcelo, de cinco anos.

 

 

 

 

 

 

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