Jornadas de trabalho prolongadas impactam no convívio familiar

Jornadas de trabalho prolongadas impactam no convívio familiar

“Falta tempo”. Essa é a percepção da fiscal estadual agropecuária Liese Vargas, 30 anos, sobre a realidade que vive desde março, quando começou a pandemia. Tempo para a filha, Maria Eduarda, 10 anos, que tem mais necessidade de sua presença por estar sem aulas presenciais. E tempo para si mesma, pois, quando não está atuando como fiscal agropecuária, se desdobra para organizar a casa e auxiliar os estudos da pequena.

Um dos serviços que exige saídas de campo é o monitoramento de pomares de maçã para verificar a incidência de doenças e pragas. Também é preciso pegar a estrada, o que pode significar percorrer até 400 quilômetros em um dia, para coletar amostras e atender a denúncias de uso incorreto de agrotóxicos. Quando está no escritório, organiza e elabora relatórios, analisa documentos e atende produtores.

Enquanto a mãe está trabalhando, a filha fica com a avó paterna – ou seja, das 8h até perto das 18h. Mas é com Liese que a pequena realiza as tarefas da escola, à noite. “Preciso me dedicar, pois ensino sem ter a didática da professora”. Apesar das dificuldades, a engenheira agrônoma se reconhece como privilegiada, por tem que a apoie, incluindo o pai de Maria Eduarda, quando não está viajando a trabalho.

“O ideal seria contratar alguém para cuidar da minha filha, mas com salário parcelado tenho dificuldade. Me sinto cansada física e psicologicamente, mas acho que estou conseguindo lidar bem com essa situação porque sei que é temporária”, afirma. A servidora conta que voltou recentemente para a academia como forma de manter a saúde física. Com as horas escassas, Liese tenta manter a leitura antes de dormir, mas confessa que, com o cansaço dos dias, consegue vencer poucas páginas por noite. E mata as saudades da família e dos amigos, que encontra apenas virtualmente pelo risco de contágio.

Foto: Lucio Amaral

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Foto: Arquivo pessoal/Beatriz Scalzilli

Os desafios invisíveis das servidoras mães que atuam no serviço essencial

O Estado e a sociedade vêm fechando os olhos para mulheres com filhos que se mantêm em atividade presencial durante a pandemia. É o caso das servidoras públicas da Defesa Agropecuária, que atuam em serviços essenciais para a população. Confira as histórias nesta reportagem e nos destaques abaixo.

 

 

 


Foto: César Thomé

Falta de rede de apoio e suspeita de coronavírus afetam emocionalmente

O acúmulo de funções é realidade para a fiscal estadual agropecuária Aline Lima de Souza, 39 anos. A cearense não tem familiares próximos, então conta com a ajuda de uma babá e das vizinhas para cuidar do filho Antonnio Eduardo, 10 anos.

 

 

 


Foto: Bruna Karpinski

Maternidade, pandemia e o descaso do governo

Imagine trabalhar durante a pandemia sem saber se conseguirá alguém para cuidar do seu filho enquanto você está no serviço. A cada semana, ver quem tem disponibilidade e em quais dias. Assim é a rotina da fiscal estadual agropecuária Beatriz Scalzilli, 41 anos, com o filho Marcelo, de cinco anos.

 

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