O papel fundamental dos servidores na pandemia

O papel fundamental dos servidores na pandemia

Quando a Covid-19 surgiu, há um ano, na China, a maioria das pessoas não poderia imaginar a dimensão da crise mundial que estava por vir. A doença se alastrou rapidamente e, em dois meses, chegou ao Brasil. Neste curto período de tempo, os servidores públicos que atuam na Secretaria Estadual da Saúde (SES) já estavam atentos às notícias que vinham da Ásia e da Europa e começavam a tomar as primeiras providências para o
momento em que o novo coronavírus chegasse ao Rio Grande do Sul.

“Certamente o vírus irá circular por um tempo considerável na população e seu impacto dependerá de uma série de fatores, como a flexibilização do distanciamento social, da imunidade de rebanho e da imunidade adquirida pela vacina”, pontua a servidora Leticia Garay Martins (foto), especialista em saúde que integra o Centro de Operações de Emergências (COE) da SES ─ grupo multissetorial que coordena todas as ações para o enfrentamento ao coronavírus. Uma das atividades fundamentais é a testagem, onde o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RS) foi responsável por mais de 80% dos testes de RT-PCR de Covid-19 durante os primeiros meses da pandemia.

Os servidores de nível superior do Estado atuam em várias frentes, sendo fundamentais tanto no acompanhamento epidemiológico quanto no diagnóstico da doença, como mostra o gráfico das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), com casos confirmados para novo coronavírus e óbitos (abaixo/ao lado). Presidente do Sintergs, Antonio Augusto Medeiros avalia que a pandemia evidenciou o quanto é necessário um Estado forte para que se possa responder à altura os desafios dessa natureza. “Não há como enfrentar uma pandemia sem um sistema de saúde, de vigilância e de inteligência epidemiológica funcionando, valorizado e ativo. Sem um laboratório de referência, com todos os equipamentos necessários e a valorização das pessoas para que deem conta das testagens. Sem a pesquisa em saúde, funcionando e com os recursos necessários”, alerta o dirigente.

A importância do CEVS no enfrentamento

Em janeiro e fevereiro, os “rumores” sobre a doença, como chamam os profissionais da Saúde, aumentaram. A primeira medida da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE), que já atuava com foco em doenças respiratórias, foi a vigilância de contenção ao vírus. Desde a ocorrência da influenza A (H1N1), em 2009, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) estava estruturado para atender às síndromes respiratórias agudas graves (SRAG). Os servidores, portanto, já acumulavam conhecimentos que agregaram no enfrentamento ao coronavírus.

“O CEVS é a base para tudo hoje. A Vigilância monitora e sistematiza todos os dados para pensar na doença a partir de um olhar que possa mitigar o impacto”, explica a especialista em saúde Leticia Garay Martins, da DVE. A servidora reforça que as estratégias de enfrentamento e as dinâmicas se modificam em função do comportamento da doença.

No dia 10 de março, foi confirmado o primeiro caso no Rio Grande do Sul. Um dia depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia, mudança que obrigou países a tomarem atitudes preventivas mais robustas. Por aqui, as atenções se redobraram. Nas semanas seguintes, com a verificação da transmissão comunitária no Estado, o foco passou a ser na vigilância de mitigação.

Naquele momento, começaram a ser observadas as tendências de comportamento da Covid-19 em solo gaúcho a partir de casos, surtos e óbitos. Foram feitas adaptações no sistema, que passou a considerar novas variáveis.

Em setembro, foi observada uma tendência de estabilidade da doença no Rio Grande do Sul. A partir de outubro, a curva mostrou uma leve queda no número de casos. Mas, em novembro, a curva voltou a crescer. Para que seja possível voltar a reduzir, é crucial seguir monitorando e manter as medidas de controle recomendadas.

Lacen-RS chegou a analisar 80% dos testes RT-PCR

Em meio à pandemia que desafiou profissionais da área da saúde em todo o mundo, o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) destacou-se como referência no diagnóstico da Covid-19. Pioneiro na análise de exames do tipo RT-PCR no Estado, nos primeiros meses da pandemia chegou a analisar 80% dos testes desse tipo. O laboratório público é vinculado à Secretaria Estadual da Saúde (SES).

Para dar conta da demanda, os profissionais que atuam no laboratório chegaram a trabalhar aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 19h. No entanto, assim como todos os servidores do Estado, os profissionais do Lacen estão com os salários atrasados, parcelados há cinco anos e sem reposição da inflação há sete anos. “O servidor acaba compreendendo qual a sua missão na área da saúde: atua com afeto no atendimento e no cuidado dos usuários do SUS”, reflete o farmacêutico bioquímico Masurquede Coimbra, que atua no setor de recebimento de amostras biológicas do Rio Grande do Sul, ressaltando a importância do Lacen para a população gaúcha.

De olho na vacina

A população aguarda por uma resposta positiva da ciência no que diz respeito à aprovação de uma vacina para a Covid-19. Enquanto o Núcleo Estadual de Imunização, inserido na DVE, já está pensando na logística de distribuição, alguns trabalhadores da área da saúde se candidatam para receber as vacinas em fase de teste. Masurquede é um dos voluntários inscritos para receber a vacina chinesa, que está sendo testada no Hospital São Lucas, da PUCRS. Na foto, o servidor está coletando sangue para avaliação da resposta da primeira dose da vacina.

Fotos: arquivo pessoal

Notícia publicada no informativo do Sindicato dos Servidores
de Nível Superior do RS – edição nº 65 – Dezembro/2020
(Clique aqui para ler o informativo)

Compartilhe:

Verified by ExactMetrics